quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Paquetá - Primeiros 40 anos
É um tema bem lugar comum para as testemunhas que visitam isso aqui, mas para fins de escrever da forma que eu pensar que é melhor, sem se preocupar com a censura da maioria, gostaria de expressar sobre este tipo de lugar mais do que especial, ainda mais para este ser que vos escreve....

O significado ao pé da letra é o local onde os mortos são enterrados. Porém essa expressão tão simplória só foi adaptada aqui no Brasil lá pro começo da década de 1840...Motivo ? Os mortos, ou alguns, eram simplesmente despojados nas cercanias de Igrejas Matrizes e, qdo muito, colocados em locais nos porões por conta da "tradição católica". Só que este tipo de féretro era antihigiênico, pútrido, nojento, além de bagunçado demais. Na maioria dos casos, os mortos eram cobertos numa espécie de lençol e simplesmente eram colocados num buraco raso e ali eram colocados em fileiras, exalando um puta mal-cheiro, além da nada agradável exposição do chorume cadavérico no ambiente...

Quando os primeiros imigrantes de orientação protestante (suíços-alemães, alemães, britânicos e um punhado de franceses) vieram pro Brasil entre 1830 e 1840, introduziram uma nova modalidade de enterro dos mortos: local distante, tido como aprazível (de preferência, bosques) e sanitariamente favorável em relação ao método empregado no parágrafo acima. Tanto é que há indícios de primeiros cemitérios desse naipe por volta de 1835, no Rio, e 4 anos depois, em 1839, foi colocado em funcionamento o primeiro cemitério público com esse intuito, o do Caju, que funciona nos dias de hoje, inclusive.

Esse tipo de Necrópole demorou um bocado para ser aceito por parte da Sociedade daquela época, uma vez que a população era totalmente submissa a religião católica (vale lembrar q o Imperador do Brasil tinha "Poder Moderador" com toda baboseira religiosa) e acreditava em tudo o que o clero falava todo dia (Feudalismo das Bananas...Não difere muito nos dias de hoje). Deixando essa questão de lado (até pq ODEIO religião), em Santos, Litoral de São Paulo, foi implementado em 1853, o primeiro cemitério público destinado ao enterro, o do Paquetá, sendo que os primeiros a serem sepultados foram uma jovem escrava de 21 anos e um natimorto (me corrijam se eu estiver equivocado). Todavia, o espaço era minúsculo e para terem uma noção, foram pouco a pouco aterrando todo o lodo e mangue que estavam na parte de trás do cemitério para que houvesse mais espaço para a construção de carneiros, túmulos, jazigos e afins. E inclusive, diversos segmentos da Sociedade local passaram a reinvindicar jazigos perpétuos e com o passar de décadas, isso foi sendo sacramentado....Porém, o espaço local estava sendo saturado por conta do tamanho de enterros no município terem aumentado assustadoramente por conta de moléstias que assolaram Santos nos últimos 25 anos do Século XIX, e como o Cemitério Protestante de Santos havia sido "engolido" pelo Paquetá e em 1892, foi construído no Saboó, o segundo cemitério público, o da Philosophia (Filosofia), cuja área era somente mangue, bananal e alguns poucos chalés...

Para finalizar, o Paquetá, não somente o cemitério, mas o bairro em si, era na ocasião, o Bairro "Nobre" do município e isso pendurou até meados da década de 1920...E o resto, todo mundo sabe...