domingo, 10 de outubro de 2010

O Caso Barbosa - Uma prova real da falta de respeito.

Dividirei em reportagens para ficar bem mais explícito este caso.

03.05.2010 - Cemitério ameaça despejar ossada do goleiro Barbosa
(Fonte: Jornal Placar)

Só 378 reais podem salvar restos do jogador crucificado pela derrota na Copa de 50

Por Bruno Favoretto

Tereza Borba, tida como filha por Barbosa, em frente a sepultura do goleiro, no cemitério em Praia Grande

A Copa do Mundo pode transformar ídolos em vilões. No Brasil, o caso mais famoso é o de Barbosa, goleiro na Copa de 1950, disputada aqui.

Responsabilizado pela opinião pública pela perda do título, ao levar um gol do uruguaio Ghiggia, ele passou 50 anos carregando essa cruz. Agora, dez anos após sua morte, Barbosa volta a ser o centro de uma polêmica.

Se a família do goleiro não conseguir 378 reais, seus ossos serão incinerados. A missão de "salvar" Barbosa é de Tereza Borba - a quem, segundo ela, ele tinha como filha.

Ela conheceu o "Neguinho" quando tinha um quiosque na praia e ele acabara de perder a esposa, Clotilde. "Me ligaram dizendo que preciso dos 378 reais, mas não tenho condições, estou desempregada e tomo remédio pro rim. Vem gente até do Japão visitar o túmulo. Mas a cidade não valoriza seus ídolos. Estou disposta a vender todas as relíquias dele", diz Tereza.

"O prazo era a última sexta. Não tem mais lugar e não para de morrer gente de dengue. Mas como novos ossários estarão prontos em 15 dias, podemos aguardar até lá", diz Marcela Souza, administradora do cemitério Morada da Planície, em Praia Grande (SP).

Se Tereza não arrumar o dinheiro, a ossada de Barbosa será queimada, colocada num saco com zíper e depositada em uma urna comunitária, onde não será possível identificar os restos mortais do velho ídolo.

Prazo para exumação venceu há cinco anos

Moacyr Barbosa Nascimento morreu por lesões hepáticas, aos 79 anos, em 7 de abril de 2000, e foi sepultado no cemitério municipal da Praia Grande, onde vivia. Por lei, o corpo fica por três anos nos carneiros, com prorrogação pormais dois anos. Como já está há dez, o cemitério precisa que dê lugar a novos cadáveres.

"Ele é uma celebridade", suplica Tereza. "Já quase tivemos que recusar sepultamento, tem que ir pro ossário. Vai dar pra pôr a foto", diz Marcela, do cemitério.

14.05.2010 - Cemitério perdoa dívida de Barbosa
(Fonte: Jornal Placar)

Corpo do goleiro da Copa de 1950 vai ser exumado, mas não será incinerado

Por Bruno Favoretto

O Jornal PLACAR mostrou, na edição do dia 3 de maio, que o corpo de Barbosa, goleiro do Brasil na Copa do Mundo de 1950, teria que ser exumado no Cemitério Municipal Morada da Planície, em Praia Grande (SP).

O tempo de ocupação máximo da sepultura, onde está há uma década (ele morreu em 2000), é de cinco anos. Mas os ossos do goleiro não serão mais incinerados.

Tereza Borba - segundo ela, considerada como uma filha por Barbosa - precisava de 358 reais para que os restos mortais do ex-vascaíno fossem para um ossário. Caso contrário, seriam queimados e colocados num saco sem identificação, numa espécie de sala comunitária.

Marcela Souza, administradora do cemitério, conseguiu que a taxa fosse perdoada junto à prefeitura. O corpo de Barbosa irá para um novo ossário, que deve ficar pronto dentro de cerca de 15 dias.

Barbosa era considerado um grande goleiro até a fatídica tarde em que o Brasil, grande favorito, perdeu a Copa no Maracanã superlotado - ele foi considerado culpado pelo segundo gol uruguaio. Desde aquele dia (16 de julho de 1950) até sua morte (em 7 de abril de 2000), Barbosa dizia estar cumprindo a pena mais longa do país.