terça-feira, 3 de março de 2009

Cemitério Municipal de São Vicente - Biografia

Como não há fonte confiável disponível falando a respeito, cabe a mim fazer a resenha sobre o Cemitério Municipal de São Vicente.

No Século XIX, as pessoas que morriam no município tinham dois destinos: ou eram enterrados na Igreja Matriz, q se localiza na Praça João Pessoa, ou no Cemitério do Paquetá em Santos. Porém, a grande maioria das famílias não dispunha de recursos para bancar enterro de parente e muitas vezes eram enterrados nas cercanias de suas respectivas casas, causando transtorno que se acumulou com o passar do tempo e que se tornou um sério problema de Saúde Pública. Ainda havia o agravante do surgimento da Peste na Região da Baixada Santista que ceifou muitos munícipes na década de 1880, em especial.

Em 1888, Famílias mais abastadas de São Vicente, incluindo o tão falado Emmerich (oriundo de Hamburgo, Alemanha) adquiriram lotes de terra pertencentes a um sítio situado no atual Parque Bitarú e em meados da segunda metade daquele ano começou o funcionamento do Cemitério Municipal de São Vicente, cuja área era bem menor do que atualmente. Não há dados precisos sobre os primeiros registros de enterros no local, contudo há indícios de que a área correspondente a porção inicial era destinada a pessoas mais abastadas e na porção mais à direita, eram depositados despojos de pessoas oriundas das camadas populares. Todavia, a Necrópole só se tornou "pública" de fato, no começo do século XX, qdo começaram a serem enterrados, pessoas de outras etnias senão a branca.

Com o passar dos anos, houve a ampliação natural do cemitério, sendo que já no começo da década de 1940, adquiriu o tamanho perimetral que se encontra atualmente e havia espaço suficiente para enterros e perpetuação de jazigos familiares, inclusive...Inclusive, algumas famílias de Santos, faziam enterros naquele local pois cobravam taxas mais em conta do que nos Cemitérios do Paquetá e Filosofia, os únicos cemitérios santistas na ocasião.

Porém, na segunda metade dos anos 1970, o Cemitério Municipal passou a ter problemas com espaço disponível para novos túmulos e quase o funcionamento do local entrou em colapso...E então, houve a primeira construção de Carneiros (ou Gavetões) para tentar amenizar esse problema...No começo, esse tipo de modalidade cemiterial era elaborado nas laterais...Ao mesmo tempo, foram criando taxas anuais, bienais e trienais para manutenção da maioria dos túmulos...Era assim: se algum parente de falecido deixar de pagar taxa municipal para a manutenção do jazigo, os restos mortais eram retirados e ficavam depositados no ossuário público, sem identificação alguma, num depósito q fica nos fundos do cemitério...Essa problemática se tornou gigantesca por conta da construção de novos carneiros e a retirada de jazigos tidos como "temporários" e por tabela os gavetões foram se tornando "temporários". Por essa razão atualmente, de cada 10 gavetões, 7 são acimentados de qualquer jeito, 1 fica vazio e cheirando a podre e somente 1 é definitivo, de fato...

Falando em definitivo, no começo da década de 1980, uma Lei Municipal proibiu a concessão de novos jazigos perpétuos no cemitério e adicionado a um outro problema mais grave ainda: a contaminação do lençol freático do seu entorno por chorume cadavérico vindo de lá, causando transtornos do abastecimento de água não apenas no Parque Bitarú, mas em vários bairros à sua volta.

No decorrer da década de 1990, o Cemitério foi rotulado como o mais sujo, decadente e etc. da Baixada pois o local realmente tava uma pena, pois havia problemas de roubo de placas, de fotos dos falecidos, dos adornos dos túmulos, venda ilegal de ossos para serem usados como objeto de estudo pelas Faculdades de Ciências Médicas na região e o permanente estado de abandono em todos os sentidos (Nota do Autor: sou testemunha viva disso). Em 1998, a Memorial Necrópole Ecumênica, junto com a Prefeitura Municipal, fez uma parceria mista para construir a parte vertical na entrada e dar um jeito na estrutura da necrópole, que ainda teria controle público. Houve uma polêmica na época pois os túmulos mais antigos teriam q ser deslocados para novos pontos e ao mesmo tempo, as partes que eram separadas por uma grade de ferro foram substituídas por muretas, que por sua vez foram transformadas em ossuários e essa "tara" por esse tipo de despojo de restos mortais se tornou tão grande que mesmo com a construção da porção vertical, ainda teve espaço para ter mais ossuários...

Em 2001, o primeiro andar foi concluído, porém devido a idas e vindas orçamentárias, aliado à taxas elevadas de pagamento dos lóculos, o local foi sendo liberado aos poucos a passo de tartaruga...Sem contar que o Memorial Metropolitano Vicentino, que fica ao lado, possui serviços bem mais diversificados, porém peca pelo preço elevado de manutenção.

E muito embora atualmente, o aspecto do Cemitério no geral tenha melhorado bastante, ainda há muitos pontos de descaso em ambas as funções cemiterais. De qualquer forma, Cemitério Municipal de São Vicente é considerado como uma das cinco melhores necrópoles da Região, não contando com a Memorial, de Santos, que é um caso à parte.