sábado, 4 de abril de 2009

Povos Celtas - Ilha de Man (Mannin)


A Ilha de Man (Isle of Man, em inglês; Mannin, em manx) é uma dependência da Coroa do Reino Unido, que inclui a ilha principal, do mesmo nome, e algumas ilhotas adjacentes, no Mar da Irlanda. A capital é Douglas (Doolish).
História
Os vikings estabeleceram-se na Ilha de Man no final do século VII. O Reino nórdico de Mann e Ilhas Hébridas foi criado por Godred Crovan em 1079. Esse reino foi separado em 1164 em Reino das Hébridas e Reino de Mann, sob domínio norueguês. Em 1266, pelo Tratado de Perth, o rei Magnus VI da Noruega cedeu as ilhas à Escócia. A Ilha de Man passou para controle inglês no século XIV e para a Coroa Britânica em 1765.
Geografia
A Ilha de Man faz parte do conjunto geográfico das Ilhas Britânicas, que é um arquipélago do noroeste da Europa. Situa-se no meio do Mar da Irlanda, aproximadamente equidistante da Inglaterra (leste), da Escócia (norte) e da Irlanda do Norte (oeste). Tem cerca de 48 km de comprimento e entre 13 e 24 km de largura, com uma área de 572 km².
As duas áreas montanhosas são divididas por um vale central. O extremo norte da ilha é excepcionalmente plano. O ponto mais alto, o Snaefell, localiza-se na zona norte e atinge os 621 m.
O clima é temperado marítimo, com verões frescos e invernos suaves. A precipitação anual, abundante, varia entre 1900 mm no Snaefell e os 800 mm noutras áreas.
A população é de 80 058 habitantes (censo interino de 2006), o que dá uma densidade de 140 pessoas por km². Menos de metade (47,6%) da população actual nasceu na ilha.
Estatuto e Política
Tal como Jersey e Guernsey, a Ilha de Man não faz formalmente parte do Reino Unido nem integra a União Européia. Não tem representação parlamentar nem no Reino Unido nem na UE.
A Ilha de Man é uma dependência directa da Coroa Britânica. O Chefe de Estado é a Rainha Isabel II, a qual detém o título de Lord of Mann. O representante da coroa na ilha é o Lieutenant Governor. A defesa e as relações externas são da responsabilidade do governo do Reino Unido.
A Ilha de Man goza de autonomia governamental e tem um parlamento autônomo (Tynwald). O Tynwald foi fundado no ano 979 e é considerado o mais antigo parlamento em funcionamento contínuo no mundo. A grande maioria dos membros do Tynwald são independentes; dois pertencem ao Manx Labour Party e três à Alliance for Progressive Government. Existe um partido extraparlamentar, o Mec Vannin ("Filhos de Man"), que pretende a alteração do estatuto da ilha e o estabelecimento de uma república soberana independente.
Cultura
A cultura da Ilha de Man é fortemente influenciada pelas suas origens célticas e nórdicas. Tem uma língua própria, manx, que é co-oficial com o inglês.
A ilha é uma das nações célticas modernas e está integrada na Liga Céltica.
Idioma
A língua manx, é uma língua gaélica falada na ilha de Man. O último habitante desta ilha a usá-la como língua materna foi Ned Maddrell, um pescador falecido em 1974. No entanto, por esta altura muitos cidadãos da ilha já se tinham empenhado num projeto para fazer reviver a língua, aprendendo-a como segunda língua para ensinar à descendência. Os primeiros novos falantes nativos de manx (bilíngues em inglês) começaram agora a surgir, crianças educadas em Manx por pais não falantes nativos da língua, inteirando cerca de 300 falantes.
Estreitamente relacionada com o gaélico da Escócia e com os dialetos irlandeses orientais (Ulster e Galloway), o primeiro documento literário é uma tradução de um livro de orações anglicano por volta de 1610 encomendada pelo Bispo de Sodor e Mann, John Phillips. Conheceu uma época de esplendor literário nos séculos XVII e XVIII. As baladas históricas conservaram-se num manuscrito de finais do século XVIII, que recolhe uma tradição oral anterior. Também se conservam baladas de tema ossiânico; poesia religiosa (carvals, equivalentes aos carols (cânticos) ingleses, embora nem sempre de tema natalício, canções de embalar, pastoris e marítimas.
O Manx é usado pelo Tynwald, o parlamento da Ilha de Man, sendo todas as leis lidas em voz alta pelo Yn Lhaihder ("o leitor") tanto em Manx como em Inglês. É reconhecido pela Carta europeia das línguas minoritárias.
A ressurreição do Manx tem sido ajudada pelas gravações efectuadas durante o século XX por investigadores, em particular pela comissão irlandesa para o folclore em 1948, assim como pelo trabalho do entusiasta e falante fluente da língua Brian Stowell.
Na sequência do declínio do uso do Manx, durante o século XIX, foi fundada a "Sociedade da Língua Manx", Yn Cheshaght Ghailckagh, em 1899.
Atualmente, o Manx é usado como único meio de ensino em cinco das escolas pré-primárias da ilha, por uma companhia chamada Mooinjer Veggey, que também opera a única escola que ensina exclusivamente em Manx, a Bunscoill Ghaelgagh. O Manx é ensinado como segunda língua em todas as escolas primárias e secundárias e ainda na Universidade da Ilha de Man e no centro de estudos de Manx.
Os nomes maneses também estão a tornar-se novamente comuns na Ilha de Man, especialmente Moirrey (Mary), Illiam (William), Orry, Breeshey ou Breesha (Bridget) e Aalish ou Ealish (Alice). Juan (Jack/Johnny), Ean (John), Joney, Fenella (Fionnuala), Pherick (Patrick) e Freya (a partir da deusa nórdica) continuam populares.
A ortografia do Manx, ao contrário daquela do Irlandês e do Gaélico Escocês não representa a etimologia gaélica e apresenta considerável influência do Galês e do Inglês (observável na utilização de 'y' e 'w' e em combinações de letras como 'oo' e 'ee').
Por exemplo, Ilha de Man seria escrito em Irlandês como "Oileán Mhanainn" ou em Gaélico Escocês como "Eilean Mhanainn", enquanto que em Manx é escrita "Ellan Vannin", sendo as três variantes pronunciadas aproximadamente da mesma maneira.
Se existia alguma literatura escrita de forma distinta em Manx antes da Reforma, perdeu-se ou já não era possível identificá-la na altura em que o ensino da escrita passou a ser seriamente defendido. Assim, quando foram feitas tentativas (sobretudo por parte da Igreja Anglicana) para introduzir uma ortografia normalizada, foi desenvolvido um sistema novo. Supõe-se que tenha sido pura e simplesmente inventado por John Philips, o bispo de Sodor e Man, de origem galesa, que traduziu o pequeno livro das orações para Manx.
Porém, parece ter de facto algumas semelhanças com alguns sistemas ortográficos encontrados por vezes na Escócia. Por exemplo, o "Livro do deão de Lismore" foi escrito em Gaélico Escocês, usando um sistema ortográfico semelhante.
Curiosidades
- Os integrantes dos Bee Gees nasceram na Ilha de Man.
- O símbolo da Ilha de Man é o triskelion (ou triskele, do grego τρισκελής, "três pernas"), semelhante à trinacria da Sicília.
- O Manx é uma raça de gato sem cauda, originário desta ilha.
- O Ubuntu é originário desta ilha.
- Nas ruas da ilha é realizada anualmente um dos maiores eventos do motociclismo mundial, o TT da Ilha de Man.