terça-feira, 3 de maio de 2011

São Caetano tem fila de espera por jazigo - Por Diário do Grande ABC - 28.04.2011

Mais de 700 famílias de São Caetano esperam há pelo menos dois anos para comprar um jazigo perpétuo no Cemitério das Lágrimas, onde estão os lotes mais caros entre os cemitérios do Grande ABC, incluídos aí os particulares. Conforme a equipe do Diário apurou, ainda não estão sendo vendidos os espaços, que podem custar até R$ 18 mil. A estrutura bem cuidada e o fato de ser um dos mais tradicionais cemitérios da cidade são fatores que chamam a atenção das famílias.


Para se ter uma ideia, o valor médio do metro quadrado para construção na cidade gira em torno de R$ 4.392. A área de um jazigo no Cemitério das Lágrimas é de 6,7 metros, aproximadamente. O preço mais caro de um lote em cemitérios privados da região é R$ 15 mil - fora no Phoenix Memorial (cemitério vertical), em Santo André, onde uma gaveta chega a valer R$ 27 mil.

A fila de espera em São Caetano está parada há pelo menos dois anos, e somente espaços rotativos (onde são feitas exumações a cada três anos) estão liberados para sepultamentos. São 20 vagas para enterros de munícipes, com taxa de R$ 256.

Os jazigos perpétuos em cemitérios públicos são coisa rara no Grande ABC. Em Santo André, o único que oferece área com oito gavetas é o Cemitério Nossa Senhora do Carmo (Curuçá). Lá, são cobrados mais de R$ 12 mil pelo jazigo. Atualmente, 20 ainda estão disponíveis para venda e outros 30 estão sendo construídos.

Em São Bernardo, no Cemitério Municipal Baeta Neves, ao menos 100 jazigos estão disponíveis. O espaço custa pouco mais de R$ 4,4 mil. A compra, contudo, só é feita mediante a apresentação do atestado de óbito.

É preciso ser morador do município para adquirir o jazigo, seja em São Caetano, Santo André ou São Bernardo.

PROCURA

Funcionários do Cemitério das Lágrimas disseram à equipe do Diário que muitas famílias esperam uma oportunidade para adquirir jazigos perpétuos. "Tenho certeza de que, se colocarmos um anúncio na porta dizendo sobre a venda, todos os espaços serão comprados no mesmo dia", disse um dos trabalhadores da administração.

E o preço deve aumentar. "A Prefeitura está reformando os cemitérios da cidade. Isso vai encarecer mais ainda o valor dos túmulos."

Oficialmente, a Prefeitura informou que não existem jazigos para venda. Um dos coveiros disse, por outro lado, que o cemitério possui espaço para construção de ao menos 50 túmulos familiares.

"Para adquirir um jazigo, a família deve ir ao Atende Fácil e comprovar residência em São Caetano. A solicitação é enviada à coordenadora de cemitérios para análise. Porém, no momento não há como comprar um jazigo. Os últimos foram vendidos por R$ 17.531,00, parcelados em 12, 24 ou 36 meses", respondeu em nota a administração.

Exumações liberam mais sepulturas em cemitérios


Dos 11 cemitérios públicos do Grande ABC, oito ainda recebem enterros de quem não têm jazigos perpétuos. O sistema adotado é o mesmo em todo o País: os corpos ficam nos túmulos por até oito anos. Depois, é feita a exumação e os restos mortais vão para ossário público ou entregues à família, que é ciente de todo o processo.

Todos os meses, os cemitérios fazem exumações. Em Santo André, por exemplo, o número no Cemitério Nossa Senhora do Carmo (Curuçá) chega a uma média de 223 por mês.

O costume no Cemitério das Lágrimas é realizar a exumação todas as semanas. Geralmente, conforme um coveiro, muitas famílias preferem não acompanhar o processo.

"Nesta semana mesmo fizemos uma exumação e a família não queria assistir. Mas o corpo ainda estava praticamente intacto, e vamos ter de esperar mais tempo para retirar os ossos", relatou.

Enterro custa de R$ 252 a R$ 32 mil

As opções de funerária para arrumação do corpo de um ente querido estão cada vez mais diversas e, justamente por isso, os preços estão cada vez mais discrepantes. Ao orçar valores desses serviços, muitas são as empresas que tentam vender planos de assistência funerária, como se fosse um convênio médico. Algumas oferecem até prêmios - como sanduicheiras ou cafeteiras - no caso de o contratante indicar outra pessoa que venha a fechar o contrato com a mesma instituição.

Os preços variam muito: podem ir de R$ 232 (como foi orçado na funerária municipal de Mauá) até R$ 32 mil, valor cobrado por um grupo privado que vende o serviço funerário ou o convênio, de acordo com a necessidade do cliente.

Os serviços são dos mais variados preços, gostos e religiões, mas na maioria das funerárias ouvidas, o preço médio corresponde a um pacote que inclui traslado do cadáver, limpeza externa do corpo, troca de vestimentas, flores e urna, o popular caixão. Este é, também, o grande vilão dos pacotes vendidos pelas funerárias. Há urnas de madeira nobre maciça e trabalhadas à mão, que podem custar até R$ 30 mil.

Para enterrar o corpo de alguém em um cemitério municipal é necessário que a pessoa tenha vivido na respectiva cidade. Depois desse dado devidamente comprovado, é possível encontrar valores mais acessíveis, tanto de caixões quanto de taxas de sepultamento - que na região varia de R$ 75 a R$ 302.

O aluguel da sala de velório, quando o corpo é preparado em funerária municipal, está incluso no preço. No caso de a família optar por contratar empresa, esse valor pode chegar a até R$ 365, como em Mauá. (Camila Brunelli)

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